1. HIPNOSE
BREVE HISTÓRICO:
A prática do hipnotismo é sabiamente velha. Ela surge junto com a própria
humanidade. Os fenômenos hipnóticos fazem parte da vida cotidiana de todos os seres
humanos e nós passamos por eles todos os dias, várias vezes por dia.
Em sua origem, o hipnotismo aparece envolto num manto de mistérios e seus
praticantes freqüentemente se diziam simples instrumentos da vontade misteriosa dos céus.
Na velha civilização Babilônica, na Grécia e Roma antigas, a técnica hipnótica já
era utilizada, porém o conceito propriamente dito era de certa forma desconhecido. No
Egito existiam os ``Templos dos Sonhos´´onde se aplicavam aos ``pacientes´´ sugestões
terapêuticas enquanto dormiam.
Em 1766, Franz Anton Mesmer defende sua tese de doutorado em Medicina,
propondo demonstrar a influência dos astros e dos planetas como causas de doenças e
forças curativas no homem.
Braid em 1841 põe fim à era do magnetismo animal e a partir daí a ciência passa a
chamar-se Hipnotismo.
A palavra Hipnose vem do grego ``nrvoo´´( hipnos) - que significa sono.
Acreditava-se que o paciente sob Hipnose encontrava-se num sono fisiológico.
Após um período de esquecimento de aproximadamente trinta anos, a Hipnose
retorna com força total em nossos dias, passando pelo seu terceiro renascimento. Após a II
Guerra Mundial, vem se verificando um revigoramento do interesse pela técnica, pelo
estudo e aplicação hipnótica.
O súbito reaparecimento da Hipnose no Brasil, por volta de 1953, é parte do
ressurgimento da mesma no panorama mundial.
Em 1956, é formada a Sociedade Paulista de Hipnose, tendo à frente os Drs. Alberto
L. Barreto, Eurico da Silva Matos e Álvaro Badra, primeira associação do mundo.
2. JUSTIFICATIVA:
A humanidade tem obtido nas últimas décadas um fantástico desenvolvimento
científico nas áreas da saúde. E com este desenvolvimento, tem ficado cada vez mais
evidente a interação entre a mente e o corpo, e a correlação que existe entre o indivíduo e o
meio em que vive.
Não importa qual sistema fisiológico (muscular, esquelético, imune,
neurológico/emocional), todo nosso organismo está ligado intensamente com a nossa
mente, e estes com o meio em que vivemos.
Tudo que afeta um lado, fatalmente afetará o outro. Conseqüentemente, a condição
clínica odontológica de uma pessoa influencia e é influenciada por todo seu organismo e
sua mente.
Embasada nesse modelo, a Hipnose vem, com o passar dos anos, conquistando cada
vez mais espaços importantes dentro da ciência. Através dos seus resultados positivos, vem
provando que seu caminho além de certo é o do futuro, no qual busca-se entender o ser
humano da forma integral.
A Hipnose pode ser considerada como uma ciência particular dentro da área de
saúde humana, pois envolve conhecimentos de inúmeras áreas como Fisiologia,
Neurologia, Psiconeurofisiologia, etc
Com a proliferação desses novos conhecimentos, há necessidade de se ampliar os
horizontes dos profissionais que utilizam a Hipnose, já que a capacidade psicológica e o
desembaraço necessários para sua eficiente utilização, não são facilmente adquiridos
através de simples leitura, já que não basta apenas saber as técnicas hipnóticas, mas é
também necessário ter conhecimentos das alterações globais (hormonais, mentais,
neurotransmissores, etc ) que alteram toda a fisiologia do organismo, quando em estado
hipnótico.
Através da Hipnose, conseguimos de um modo rápido e seguro, ter acesso à parte
inconsciente da mente do paciente, onde a sua realidade é interpretada através de suas
referências de vida, e onde estão os seus recursos internos necessárias para ter um
comportamento positivo, em relação ao tratamento e a manutenção do mesmo.
Como ramo legítimo da ciência do conhecimento e da natureza humana, a hipnose é
apontada pelos seus estudiosos da área da saúde, como uma das poucas armas eficientes de
3. que dispõe a humanidade em sua luta incessante contra os males que a afligem. Sob seu
efeito abrem-se realmente oportunidades inestimáveis para o êxito terapêutico.
COMPETÊNCIA:
Determinada pelo Decreto Lei nº 7718 de 1945, que criou a profissão de Cirurgião-
Dentista.
Para nosso orgulho, a Hipnose na Odontologia foi uma conquista de abnegados
profissionais idealistas, após intensos debates em âmbito nacional nas décadas de 50 e 60
do século passado, ressaltando a importância dela na clínica diária, culminando no dia 24
de agosto de 1966 com o Decreto Lei Nº 5.081, que regula o exercício da Odontologia.
Este decreto inclui no artigo 6º, o item VI da Hipnose em odontologia, projeto
apresentado na câmara federal pelos deputados Aniz Badra (SP) e Braga Ramos (PR) que
era Cirurgião-Dentista, após praticamente uma década de árdua luta.
Ficou este item do artigo 6º, assim redigido:
Artigo 6º: Compete ao Cirurgião-Dentista:
Item VI - Empregar a analgesia e a hipnose, desde que comprovadamente
habilitado, quando constituírem meio eficaz para tratamento.
ABRANGÊNCIA:
O Cirurgião-Dentista hipnólogo pode assim utilizar-se da Hipnose como técnica
complementar na terapêutica odontológica, como por exemplo:
Controle de fobias e traumas de interesse odontológico.
Controle de quadros de transtornos comportamentais durante o tratamento
odontológico, os quais podem gerar manifestações somatoformes.
Tratamento complementar de dores orofaciais e DTM.
Promover analgesia.
Auxiliar no controle homeostático pré, trans e pós-cirúrgico.
Potencialização e aceleração de processos cicatriciais.
Tratamento complementar das afecções do sistema estomatognático.
Motivação e cooperação de pacientes em tratamentos odontológicos.
Anestesias (aceitação, potencialização ou substituição).
4. Sugestões terapêuticas facilitadoras do manejo do paciente e do tratamento
odontológico.
CONCLUSÃO:
O papel do hipnólogo é o de um educador, pois através deste o paciente acessa seu
inconsciente em busca dos próprios recursos para efetuar as mudanças que o conduzirão à
superação de seus problemas.
Essa luta vem sendo mantida por cirurgiões-dentistas, cujo trabalho contribui para
melhorar a qualidade do tratamento odontológico.
A grande aplicabilidade da Hipnose e o fato de a Odontologia ter sido pioneira na
divulgação, ensino e utilização deste recurso terapêutico, ratifica que o seu reconhecimento
como especialidade contribui na construção de uma nova realidade no atendimento
odontológico, onde conhecimento científico se integra ao ser humano em todos os aspectos,
promovendo um ganho para todos envolvidos nesse processo terapêutico.